CONVERSAS PSICOLÓGICAS

Psicologia, indivíduo e sociedade

Essa semana as redes sociais estão bombando com o tema: “Juiz declara que homossexualidade pode ser tratada como doença”. Hoje é terça-feira, a sentença saiu ontem, segunda, e já respondi umas 4 pessoas pedindo esclarecimentos.

Não li a sentença do Juiz e não vou ler. Não conheço a psicóloga cristã (não sei que psicologia é essa), portanto, não vou falar sobre ela. Mas, vou escrever sobre o assunto sim!!

De um ponto de vista clínico, ou seja, seguindo a literatura contemporânea, a prática da sexualidade homo orientada não é doença. A vivência da homo afetividade também não é. Não existem nos alfarrábios ATUAIS essa referência.

Há, também, uma ordem, uma orientação do Conselho Federal de Psicologia que repudia a visão de que a orientação homossexual ou homo afetiva sejam tratadas como doença (motivo do processo contra a colega).

Então, transar com pessoas do mesmo sexo ou amá-las não é doença de um ponto de vista clínico.

Mas, a literatura contemporânea determina sobre a relação da identidade com o gênero, ou seja, homem em corpo de mulher e mulher em corpo de homem. E, isso é considerado doença. O tratamento desse transtorno é considerar que a “alma”, que reside no corpo errado, está certa. E não o corpo como referência. Ou seja, é a mulher no corpo do homem encontrar uma forma de viver como mulher, ou de externalizar sua feminilidade, apesar de seu pênis, ao ponto de se realizar como pessoa. O contrário também é verdadeiro e tão bonito quanto. Ou seja, encontrar a si mesmo e viver com o que se é. No fundo, o dilema de todos nós!!!

Isso, na prática da psicologia, não é feito de forma leviana ou banal. Mas, construído ao longo de anos de acompanhamento multidisciplinar. Ou seja, não há um “sair do armário” da noite para o dia, mas sim, um aprender a se ser como se é. Isso leva tempo e muita reflexão e, apesar das lágrimas, é muito legal de se fazer (como profissional e como paciente).

Quanto a tratar a homossexualidade ou homo afetividade como doença, não há problemas. Eu, particularmente, recomendo que se abandone e se afaste os elementos de sujeição (como igreja e família) que hajam de forma preconceituosa (a prática da homofobia é crime, afastar-se do crime é sempre uma boa). Mas, algumas pessoas querem fazer parte do grupos preconceituosos. Aí, realmente, para se adequarem à igreja que os convoca, ou aos pais que os rejeitam, talvez possam fazer mudanças em suas condutas e práticas sexuais e afetivas. Assim, poderão ser reprimidos ao ponto de poderem ser aceitos pelos preconceituosos. Mas, cura, não. Não há o que ser curado.